terça-feira, 9 de abril de 2013

“Tudo lindo”


por Ellen Reis

Loja Hause Móveis - Rua da Conceição, nº 122 / Por Amanda Melo
A expressão utilizada como título desta matéria remete ao nome dado a um dos estabelecimentos da Rua da Conceição, referência, principalmente, na venda de móveis antigos. E não poderia ser diferente. Os amantes desse tipo de produto não resistem à beleza e preciosidade do mobiliário e a expressão “tudo lindo” reincide a cada peça vista. É bem verdade que o Recife já não mais apresenta a sua aparência inicial de influência europeia, dotada de casarios e construções antigas. Até mesmo porque boa parte dos móveis utilizados no passado preenchem as prateleiras e halls de lojas apropriadas para a compra, restauração e revenda dos mobiliários antigos. Basta visitar alguns logradouros do Bairro da Boa Vista, no centro da cidade, para perceber como as ruas e avenidas são especializadas nesse tipo de comércio. A Rua da Conceição, que liga a Praça Maciel Pinheiro à Avenida Conde da Boa Vista, e a Rua Rosário da Boa Vista, são celeiros na venda de produtos novos, usados e antigos no bairro.

Fundada há 22 anos, a loja “Tudo Lindo” é especializada em venda e restauração desses produtos. A restauradora Suzana Sotero, filha da proprietária, conta que o ponto forte do estabelecimento é a nova roupagem dada às peças. “Não sou formada por uma instituição, mesmo porque o que eu sei foi a vida que me ensinou. Então, misturo o antigo com o moderno e dou uma cara nova aos produtos. Eles acabam sendo exclusivos”, comentou. Não se sabe ao certo o porquê da instalação de diversas lojas desse segmento em uma única rua, apenas que, anterior a esse comércio, eram as residências que compunham o cenário. Não precisou de muito tempo para que a rua fosse referenciada popularmente como a “rua dos móveis”.

Loja Tudo Lindo / Por: Amanda Melo
Há mais de 20 anos no mercado, as lojas Hause Móveis, Jorpau Móveis e Tudo Lindo tentam driblar a disputa acirrada da modernidade, porém distante, dos anúncios lançados na internet, e bem aproximada do comerciante ao lado. Proprietário da Jornau Móveis, Paulo Roberto, que preferiu não ser identificado pelo sobrenome, acredita que não existe concorrência quando o consumidor sabe o que quer. “Apesar de termos maior frequência de advogados, médicos, juízes, pessoas de diversos perfis chegam por aqui. Mesmo sem ter um grupo seleto quanto à faixa etária ou condições financeiras, tenho um público exigente. Eles sabem o que procuram e confiam no trabalho por isso que sou um dos mais antigos aqui”, disse.

Apesar da influência das peças antigas, quase que paralelamente surgiu um segmento moderno e focado em produtos que visam à praticidade, que prezam pela cor e inovação. Gerente da loja Conceição Móveis, Andreia Silva garante que não se intimida diante da popularidade e da procura do consumidor aos produtos antigos. “Estamos aqui há mais de 15 anos. Só vendemos produtos novos, em sua maioria fabricados por nós. Quando chegamos aqui a rua era povoada de antiquários, brechós, restauradores de móveis e salões de leilão, sobrevivemos a isso e conquistamos o público. O bom é que o consumidor não sairá insatisfeito porque encontrará dois tipos de seguimento em um só lugar”, afirmou.

Avenida Manuel Borba / Por Amanda Melo
No mesmo quarteirão, e coplanares às citadas acima, a Rua Gervásio Pires e a Avenida Manuel Borba também esbanjam história. A segunda, mais significativa delas, conhecida como “rua das óticas”, possui ao longo de sua travessia cerca de 40 lojas concorrentes. O processo de instalação teve início em 1973 quando Leosvaldo de Oliveira, fundador da Ótica Veja, resolveu desfocalizar o comércio mobiliário no local e abrir a primeira loja na avenida, há exatos 40 anos. Questionado na época sobre a inovação, Leosvaldo profetizou: “esta rua ainda será conhecida como ‘rua das óticas’”. Hoje, as quatro lojas espalhadas pela Manoel Borba são administradas pelo filho Alexandre Leosvaldo Filho, cujo trabalho ultrapassou as inovações do pai.

Bruno Moraes (Gerente de RH da Veja ótica)/ Por Amanda Melo
Gerente de RH da rede, Bruno Moraes confessa que o objetivo principal é aumentar o número de filiais, na própria avenida, e ocupá-la inteiramente. “Antes contávamos com 11 lojas, reduzimos para quatro, mas queremos, inicialmente, reabrir outras duas, e, aos poucos ocupar a avenida completa”. Sobre a concorrência e os prejuízos da disputa, Bruno declarou: “é bem verdade que a concorrência existe, mas é velada. Não criamos estratégia pensando no concorrente, mas no próprio consumidor”. O gerente diz que a rede poderia fornecer produtos a preços irrisórios, como é prática comum em outras lojas, mas ressalta que isso não garante a boa qualidade dos produtos. “Nosso diferencial é a junção da qualidade do produto com o atendimento especializado, focado e dinâmico, que não visa as características da peça, tipo de lente, nomenclaturas, mas seus benefícios, como para quê serve esse tipo de produto, em quais ocasiões deve-se usar determinado óculos", completou.

Confira o ensaio fotográfico AQUI

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