por Amanda Melo, Daniel Medeiros, Ellen Reis e Renata Santos
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Shopping Boa Vista/Foto: Ellen Reis |
Inaugurado em 7 de agosto de 1998, o Shopping Boa Vista foi construído com a proposta de ser um espaço onde os consumidores pudessem comprar com conforto e tranquilidade próximo ao centro. “Sentimos que as pessoas tinham necessidade de um comércio regularizado na Boa Vista. Por isso, construímos um shopping pequeno que, conforme o passar dos anos, precisou se expandir, com áreas de lazer, como cinema e Game Station”, afirma a gerente de marketing do shopping, Tárcia Galvão. Segundo ela, antes da construção do shopping o centro do Recife estava abandonado em termos de comércio. Em 2011, o shopping foi ampliado pela segunda vez, passando a contar com 200 lojas, duas praças de alimentação, seis salas de cinema Multiplex e um edifício garagem com mais de mil vagas de estacionamento. “A terceira etapa foi construída visando, principalmente, ao estacionamento. Logo após a construção do shopping, percebemos que o centro da cidade e a Conde da Boa Vista foram revitalizados: lojas foram construídas no nosso entorno, postos médicos. As classes A e B começaram a frequentar a região. Essas pessoas traziam seus carros e não tinham onde estacionar, dando-nos a ideia de construir a terceira etapa do shopping, com um estacionamento satisfatório para esses novos consumidores", conta Tárcia.
Localizado no bairro da Boa Vista (área central do Recife), o shopping recebe em média 45 mil pessoas por dia, que vêm de todas as partes da região metropolitana com os mais diversos objetivos. De acordo com a professora de sociologia da UFPE Maria Eduarda Rocha, "são várias as modalidades de uso que se pode ter dentro de um shopping. Às vezes entre perfis diferentes de consumidores e às vezes em um mesmo consumidor que estabelece perfis diferenciados naquele lugar". Uma mesma pessoa pode, por exemplo, tanto ir ao shopping apenas para pagar contas ou comprar coisas, como também fazer um lanche com os amigos na saída do cinema. Gabriela Guimarães, 28 anos, é um exemplo disso. "Venho na maioria das vezes para fazer compras, mas às vezes também venho com meus amigos só para passear. Estou agora mesmo esperando uma pessoa", contou a técnica em segurança do trabalho. Já o contador Luciano Silva, 43, afirma utilizar o shopping apenas como espaço de lazer: "venho quase toda semana para o cinema, mas raramente compro alguma coisa aqui".
O slogan do Boa Vista já escancara sua marca principal: ser "o shopping da cidade", ou melhor, do centro da cidade. "Buscávamos atrair principalmente os chamados consumidores fixos flutuantes, que são as pessoas que sempre passavam pela Boa Vista, buscando comprar”, diz a gerente de marketing. Essas pessoas são atraídas, principalmente, pela comodidade e o conforto oferecidos pelo lugar, uma vez que as calçadas esburacadas e o calor escaldante do centro tornam a estrutura do estabelecimento bastante convidativa.
Para a vendedora Camila Paloma, 20 anos, esses fatores pesam muito na hora de escolher entre o shopping e o comércio das lojas do bairro. A visível situação de abandono do centro faz com que as pessoas desistam da cidade e prefiram se confinar em lugares onde elas não enfrentarão os mesmos obstáculos. Maria Eduarda afirma que, embora o shopping possa oferecer todas essas vantagens, ele tira a liberdade vivenciada na rua. "O shopping, por ser um espaço privatizado, está sujeito a certas normas que não seriam negociáveis publicamente. A contrapartida dessa falta de liberdade é a sensação se segurança", explica.
Caminhando pelo shopping não é difícil encontrar grupos que utilizam o espaço como ponto de encontro. "Há grupos de adolescentes que visitam o shopping em determinado horário com determinado uso. Isso é altamente sociável do ponto de vista das relações", afirma a socióloga Maria Eduarda. O estudante de ensino médio Vitor Santiago, 15, confirma essa teoria. Sentado na praça de alimentação com mais três amigos, todos ainda vestidos com a farda da escola, ele conta que nunca vai ao Boa Vista sozinho. "Venho duas ou três vezes por semana, mas sempre com meus amigos".
Há algum tempo, por exemplo, o Boa Vista era conhecido pela forte presença de adolescentes ‘emos’, tribo urbana que tem como principais marcas o gosto por músicas melancólicas e franjas que encobrem boa parte dos rostos. Também é marcante a presença do público gay no local. Segundo Maria Eduarda, o shopping pode ter herdado os consumidores que frequentavam os bares gays do bairro da Boa Vista, muito famosos na década de 70. "É o entorno que define muito do público que utiliza o shopping", afirma.
Clique AQUI e confira o ensaio fotográfico realizado no local.
Clique AQUI e confira o ensaio fotográfico realizado no local.
Confira, abaixo, os vídeos das entrevistas realizadas com Maria Eduarda Rocha (Pesquisadora e professora da UFPE) e Amanda Paulina dos Santos (Gerente da loja Imaginário no Shopping Boa Vista). O principal objetivo da conversa com a professora foi analisar o Shopping Boa Vista como centro de consumo no centro da cidade, sua relação com a rua e com as pessoas. Com Amanda, o encontro foi voltado para esclarecimentos sobre a influência do Shopping Boa Vista, os reflexos da construção da nova área, assim como das estratégias para conquistar o público do centro.
Entrevista em vídeo realizada com Amanda Paulina:
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