quarta-feira, 10 de abril de 2013

Os problemas do caminho

RUA GERVÁSIO PIRES - Pinos de ferro na calçada machucam pedestre



É na Conde da Boa vista, às duas da tarde, no sol quente, que começamos nossa jornada pelas calçadas. Tem sujeira, buraco, carrinho de feira e pino de ferro fixo. Tem fiteiro, estacionamento irregular e raízes de árvores. E tem também gente, muita gente. No meio disso tudo o que menos tem é calçada.

O problema da mobilidade urbana é, antes de tudo, um problema para o pedestre, e consequentemente, um problema das calçadas. O modo como nos movemos pela cidade pode dizer muito sobre o modo como funcionamos coletivamente. É assim que podemos ver o desprezo pelas calçadas e sempre a preocupação em enlanguescer as ruas, construir viadutos, detonar casas e mangues para ocupá-los com novas vias.

Como todos os centros brasileiros, o do Recife é um lugar de movimento contínuo. Quem anda na Boa Vista tem que olhar bem por onde anda, até mesmo quando as calçadas são bem conservadas. Foi na rua Gervásio Pires que, segundo duas testemunhas, um deficiente visual caiu após esbarrar nos pinos de ferro que ocupavam a calçada do Hotel Mediterrâneo. De acordo com Bruna Cristina, que trabalha no fiteiro próximo ao hotel há três anos, e com uma segunda testemunha que não quis se identificar, o homem teria machucado o nariz e quebrado os dentes da frente.  Segundo as testemunhas, o dono do Hotel colocou os pinos nas calçadas para poder estacionar seus carros e cercá-los com corrente.

Os pinos no meio da calçada do Hotel Mediterrâneo: invasão do espaço dos pedestres.
Havia mais dois na frente do Hotel. Fotos: Moema França
Para a legislação atual, são três os responsáveis pela construção, manutenção e recuperação das calçadas em Recife: o município, o proprietário e o ocupante do imóvel. A responsabilidade recai na prefeitura apenas nos casos em que as calçadas estão em frente a rios, lagoas, em praças, parques, imóveis públicos, rampas nos cruzamentos de travessia sinalizadas, etc. No restante dos casos, cabe ao dono e ocupante do imóvel que tomem as devidas providências. Ao mesmo tempo, a legislação também explica que não é permitido obstáculo que impeça o livre trânsito dos pedestres.

Para Bruna, ele (o dono do Hotel) “usa a calçada como se fosse dele e às vezes coloca um cavalete no meio da rua. Os carros tem que desviar.” Sobre o acidente que machucou o deficiente visual, o proprietário do hotel prestou socorro, mas não quis falar sobre o assunto. Voltamos lá uma semana depois e os pinos de ferros haviam sido retirados. O Hotel ainda não deu retorno.

Confira galeria de fotos das calçadas da Boa Vista no Flickr.



 Pequeno vídeo mostrando a dificuldade diária dos pedestres em andar pelas calçadas da Rua da Soledade em frente ao Posto do VEM.

1 comentários:

gente, matéria sem formatação!

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