Por Marcela de Aquino Fotografia: Marcela e Stelivam
Sobrados deteriorados na Rua da Matriz |
O centro histórico da Boa Vista permanece com a estrutura dos seus antigos casarios abalada devido a falta de ações públicas que retardem a ação do tempo. De acordo com a prefeitura, o morador é quem deve fazer a restauração dos sobrados, mas grande parte das pessoas que vivem na localidade não tem condições financeiras para custear uma obra. Antigo reduto de uma classe média formada por judeus e italianos e considerada Zona Especial de Preservação do Patrimônio Histórico e Cultural desde 1981, o velho bairro também sofre com a deterioração de seus logradouros.
Na rua da Matriz, encontra-se lixo acumulado nas calçadas, esgoto a céu aberto, fachadas deterioradas e um sobrado que fora incendiado e corre risco de desmoronar. Segundo Genival Correia da Silva, que trabalha em um imóvel vendendo materiais usados, faz 3 meses que incendiaram o sobrado e até agora a prefeitura não tomou nenhuma providência para solucionar o caso.
Demax, em seu salão de beleza cuidando da clientela |
Fachada de um sobrado |
Pátio de Santa Cruz |
Gilson Gonçalves, professor de arquitetura da UFPE, diz que de acordo com a legislação, mesmo o casario sendo tombado, o responsável pela revitalização do imóvel é o proprietário. "A prefeitura não pode investir dinheiro público em bens privados" complementa. Segundo ele, a legislação é importante para a preservação de um bem cultural, apesar da necessidade de haver alguns ajustes. "O Sítio Histórico tem uma legislação específica e rigorosa pela prefeitura, no qual você não pode alterar as formas, as cores, os revestimentos, os telhados, para não descaracterizar, ou seja, o aspecto formal é muito importante para a preservação histórica." Ele reconhece a condição financeira dos moradores e cita como uma possível alternativa um programa de financiamento pela Caixa já concedida aos moradores da parte histórica de Olinda, e relembra a importância da iniciativa do governo do Rio de Janeiro no projeto Corredor Cultural, em que a prefeitura financiou a revitalização de uma zona especial.
Jacques Ribemboim, presidente da ONG Civitate foto retirada do blog de Jamildo |
Uma organização não governamental localizada na Rua Velha tem como objetivo recuperar os espaços urbanos. O presidente da ONG Civitate, Jacques Ribemboim, afirma que para o melhoramento do entorno se faz necessário uma ação conjunta entre os moradores e o poder público. "A prefeitura precisa cuidar do local e sinalizar que
vai investir em serviços e equipamentos públicos. A partir daí, os moradores e
proprietários respondem investindo em seus imóveis". Para ele, a iniciativa tem que partir da prefeitura através de um programa para a recuperação
territorial. "Quando prevalecer o descaso das
autoridades, os donos dos imóveis relaxam em seus cuidados, pois não valerá a
pena. O abandono torna-se então tanto público quanto privado e a desordem passa
a tomar conta das ruas e edificações, com invasões e mau uso dos espaços", assegura. Defende também a qualidade ambiental que só vinha sendo planejada nos últimos governos para valorizar os imóveis e, com isso, afastar os mais pobres da região, e cita a complementaridade de uma política habitacional para atender as pessoas mais carentes da área.
1 comentários:
Marcela, optamos por só usar fotos próprias, então retirar por favor a que está creditada ao blog de Jamildo, ok?
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