Cercas que protegiam jardins foram retiradas, assim como moradores de rua que ocupavam a praça
por Igor Nóbrega
Praça está limpa e com bancos livres novamente / Foto: Igor Nóbrega
O Cenário na Praça Maciel Pinheiro, no bairro da Boa Vista, área central do Recife, está bastante diferente daquele que os passantes da área já estavam acostumados a ver nos últimos meses. Cercada por tapumes e ocupada por moradores de rua, agora já se pode ver os jardins bem cuidados, a fonte limpa e os bancos livres. O ambiente parece mais agradável e seguro para os trabalhadores e comerciantes da região, que agora podem aproveitar o espaço público com mais tranqüilidade. Apesar do aparente cenário de equilíbrio, uma população foi mais uma vez escanteada: a dos sem teto e usuários de drogas.
Marginalizados, homens, mulheres e crianças – muitos deles usuários de drogas – parecem estar proibidos de ter acesso à praça. Eles agora se concentram em duas ruas que circundam a área: a rua do Veras, um beco estreito por onde poucos passam; e o fim da rua da Conceição, onde fica a maioria deles, atrás das barracas de lanches e perto da saída do estacionamento do Atacadão dos Presentes. Quem garante que os moradores de rua não voltem à Maciel Pinheiro são três seguranças particulares contratados por comerciantes da região. É o que conta o engraxate Fernando Paulo Evaristo, 55 anos de vida e 34 de Maciel Pinheiro.
“Graças a Deus esses meninos estão tomando conta da praça e tiraram os maloqueiros daqui, porque na época que eles ‘tavam’ aqui, não tava vindo turistas, os taxistas não ‘tavam’ ganhando dinheiro. Melhorou depois que as lojas se juntaram e contrataram seguranças particulares. O pessoal tomava banho ali, fazia sexo, lavava roupas íntimas, fazia as necessidades. Teve uma reunião entre os comerciantes e decidiram contratar a segurança particular. Não foi Governador, não foi Prefeito, foi ninguém não... foi o pessoal daqui mesmo. ‘Tá’ vindo jardineiro todo dia também, pra cuidar das plantas. Melhorou 100% não... melhorou 300%!”, conta Fernando, que estava ao lado dos seguranças e parece já ter feito amizade com eles.
De acordo com a Empresa de Manutenção e Limpeza Urbana do Recife (Emlurb), as telas de proteção que cercavam os jardins foram retiradas no dia 31 de março. Desde então, segundo duas frequentadoras assíduas da praça, os seguranças começaram a “tomar conta” do local e decidir quem tem ou não acesso a ele. “Os trombadinhas podem entrar sem a garrafa de cola. Se tiver com a garrafa de cola, eles (os seguranças) mandam sair”, diz Maria da Conceição Barros, de 39 anos.
A vendedora aprova a mudança por qual passou a Praça Maciel Pinheiro. “Antes era colchão no caminho, os bancos eram tomados por eles deitados, fumando, cheirando, perturbando, jogando pedra na gente, quer dizer... um no outro, mas atingia quem estava sentado nos bancos da praça. Agora ‘tá’ bem mais seguro, a gente pode até dar uma cochilada (risos). E agora tem gari também. Antes nada era limpo aqui, agora sim... agora todo mundo pode sentar, ‘tá’ bem melhor”, aprova Maria da Conceição. A Praça Maciel Pinheiro, patrimônio da Boa Vista, parece finalmente estar sendo bem cuidada. Resta saber quando essa população marginalizada receberá o devido auxílio, tanto por parte da iniciativa privada, quanto das instituições governamentais.
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