por Júlio Rebelo e Wanderley Andrade
Era o ano de 1771, quando a Irmandade do Sacramento da Santa Cruz, no intuito de ter uma igreja própria, solicitou ao rei de Portugal a doação de um terreno. Foi doado um próximo à antiga Rua do Hospício dos Padres Esmoleres, atual Rua do Hospício, no bairro da Boa Vista. As obras começaram em 1784.
O trabalho eclesiástico teve início com a igreja ainda em construção. Segundo Semira Adler Vainsencher, pesquisadora da Fundação Joaquim Nabuco, “mesmo inacabada, a igreja foi aberta ao culto no dia 4 de maio de 1784 e, durante muito tempo, serviu de cemitério local, conforme as atas da Camara Municipal do Recife, em 1849”. Após exatos (e incríveis) 105 anos, a obra foi concluída e ficou conhecida como Igreja Matriz da Boa Vista.
Sua fachada possui um estilo renascentista, formada por pedras de cantaria, vindas de Portugal. Apresenta oito colunas, quatro de capitéis dóricos (na parte inferior) e quatro capitéis coríntios (na parte superior).
Colunas em destaque/ Foto: Wanderley Andrade |
A cidade cresceu e, junto com ela, o comércio. A Rua da Imperatriz, que antes era um aterro, transformou-se num dos principais pontos comerciais do Recife. Sapatarias, lanchonetes e ambulantes dividem hoje espaço com a igreja. Segundo o padre Cícero Ferreira, essa convivência nem sempre é tranquila. Houve casos em que se precisou intervir, como quando alguns artistas de rua se apresentaram na frente da igreja, fazendo muito barulho. “Algumas vezes tive que falar com as pessoas que estavam organizando os eventos ou até escrever à Prefeitura para que tomasse as devidas medidas”, declarou.
Mas a igreja não é rodeada apenas por comércio e ambulantes. Destaca - se também na paisagem um considerável número de moradores de rua e usuários de drogas. Como forma de amenizar a situação dessas pessoas, a paróquia possui um grupo conhecido por Fraternidade O Caminho, que além de dar apoio espiritual, distribui sopa na região, duas vezes por semana. Eles também possuem na cidade de Abreu e Lima um centro de recuperação para dependentes químicos. Além desse trabalho, 87 famílias são assistidas através de cestas básicas e na compra de medicamentos.
Por estar localizada no centro da cidade, a Igreja Matriz da Boa Vista recebe fiéis de diversas partes da Região Metropolitana. Mesmo assim, a quantidade ainda é pequena, inclusive de jovens, mesmo possuindo um trabalho específico para a faixa etária, como o grupo carismático Nossa Senhora do Magnificat. Para o padre Cícero, uma das razões para a pouca frequencia é a presença de outras igrejas na região, que também realizam missas no mesmo dia.
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