Por Júlio Rebelo e Wanderley Andrade
Padre Cícero Ferreira de Paula/ Foto: Júlio Rebelo |
Com esta frase bastante
contundente sobre as diferentes rotinas eclesiásticas, o padre Cícero da Boa
Vista deixou bem claro qual a sua preferência de atuação.Nascido em uma família
humilde, no município de Gravatá, Cícero Ferreira de Paula, 41 anos, foi o
único dentre oito irmãos que optou por fazer da fé a sua missão.
Após concluir o curso
de seminarista em Olinda, padre Cícero seguiu para Roma, no ano de 1997. Lá,
ele estudou mais cinco anos, entre Teologia e a especialização em Direito
Canônico.
De volta a Pernambuco,
em 2003, foi ser pároco na Igreja de Nossa Senhora de Fátima, em Boa Viagem.
Não era bem o que esperava quando deixou a Europa para servir aos pobres no
Brasil. Na Zona Sul, o padre teve que se adaptar às novas condições: atender as
exigências de uma elite fiel às missas. Não deu certo, e com oito meses o padre
Cícero mudava de endereço.
Assumiu a Igreja Matriz
da Boa Vista, localizada na Rua da imperatriz. Em sua nova casa, encontrou
muitas tarefas pela frente. Grupos de caridade para cooperar, participação em
projetos sociais, atuação juntos aos mendigos e viciados em drogas, e claro,
celebrar missas, em diferentes horários.
Por isso, não é de se
espantar ver o padre Cícero sentado na calçada, em frente à Igreja, conversando
com as pessoas. “Muitos estão apenas carentes de alguém para desabafar, alguém
que os escute. Eu gosto de conhecer as pessoas, e esta é uma maneira que
encontrei para fazer isso”, revela o padre.
Apesar de não acreditar
na mudança brusca do paradigma social, padre Cícero Ferreira crê que pequenas
ações já podem contribuir, em muito, para melhorar a condição de vida das
pessoas. Um exemplo seria se a Prefeitura do Recife ordenasse o centro urbano.
Na Igreja, ele já
observa mudanças. Junto com o novo Arcebispo da Arquidiocese de Olinda e
Recife, Dom Fernando Saburido, veio a descentralização do poder. Isto
possibilitou uma maior incursão eclesiástica nas comunidades recifenses, na
opinião do padre.
No entanto, ainda é
pouca a participação das pessoas na vida religiosa. “Em dez anos, não consegui
enxergar grandes diferenças nas atividades cristãs dos fiéis. Para que isto
mude, é preciso entender que Deus não é nosso servente”, afirmou o padre
Cícero.
2 comentários:
fonte muito grande
Pois, é Padre, ninguém tem tão pouco, que não possa dar um pouquinho, mas, a realidade é bem diferente.
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