ONG GTP+ acolhe profissionais do sexo e pessoas vivendo com HIV
Por Igor Nóbrega
Foto: Reprodução/Internet
Acolher pessoas em situação de vulnerabilidade social e econômica. É com esse objetivo que o Grupo de Trabalhos em Prevenção (GTP+) atua desde 2000 dando apoio a pessoas vivendo com HIV e a profissionais do sexo (homens, travestis e transexuais). A organização não governamental nasceu a partir da necessidade de criar uma entidade coordenada por soropositivos, que gerasse na população que passa pelo problema um sentimento de identificação com a instituição. São vários os projetos da ONG, que desenvolve trabalhos de prevenção e luta pelos direitos humanos e cidadania das pessoas soropositivas.
“O perfil da epidemia mudou, e essa constatação nós vemos nas comunidades. Hoje o HIV circula em sua grande maioria nas comunidades mais vulneráveis, porque os parceiros têm dificuldade de negociar a relação sexual”, conta Wladimir Reis, coordenador da GTP+. Com sede na avenida Maciel Pinheiro, 487, no bairro da Boa Vista, região central do Recife, a instituição se deparou com uma nova demanda nos últimos tempos: os usuários de crack. Longe da rota do turismo sexual da Zona Sul, onde os garotos e garotos de programa precisam ter perfil diferenciado e boa aparência para satisfazer a clientela que frequenta os hoteis, muitos tendem a realizar trabalhos sexuais por 10 ou 20 reais para comprar a droga.
“A gente optou por manter a sede na Boa Vista por o centro da cidade ser um lugar mais acessível em questão de mobilidade e transporte, visto a questão da vulnerabilidade da população com qual a gente trabalha. Além de possibilitar o acesso mais fácil dessa população, aqui também podemos atender à demanda dos moradores de rua e profissionais do sexo que vivem ao redor”, considera Wladimir.
Wladimir Reis, Coordenador Geral do GTP+/ Foto: Igor Nóbrega
Atualmente, a GTP atende de duas a três pessoas por semana, a maioria homens e usuários de crack. A maioria deles já foi mandada embora de casa pela família e costumam transar por baixos valores para comprar a pedra de crack. A partir da recepção, a ONG tenta encaminhá-los para o Centro de Atendimento Psicosocial (CAPS) mais próximo. Lá, porém, eles nem sempre são acolhidos da melhor forma. “Qual o papel da ONG que o governo não faz? Se você manda uma travesti para o CAPS, ela não é acolhida por ser travesti. Se você mandar um garoto de programa, uma pessoa vivendo com HIV... ela é discriminada. As pessoas já a vêem como alguém que ta passando vírus pra você. Muitos morrem de depressão, pela rejeição de não serem aceitos em lugar nenhum. O que a gente faz é acolher essas pessoas”.
RESISTÊNCIA - Apesar da grande quantidade de projetos que mantém e da importância do serviço que presta à sociedade, a GTP+ pede socorro. A ONG, que chegou a ocupar dois prédios (o antigo ficava na mesma rua, no prédio onde funciona o Sindicato dos Bancários de Pernambuco) e contava com apoio de várias agências internacionais, hoje sobrevive através da cozinha solidária que mantém, de doações e de alguns editais do governo.
“Éramos financiados por muitas agências internacionais de cooperação antes de 2010. Depois disso, a cooperação internacional foi embora e a nacional ainda não é sensível a apoiar ONGs que defendem os direitos humanos”, lamenta Wladimir. A organização, que chegou a ter 26 colaboradores, conta hoje com 16 . Entre eles, um psicólogo, um assistente social e um pedagogo.
Sempre em busca de manter seus projetos e lutar pelos direitos humanos, a GTP+ realiza, no próximo dia 17 de maio, um seminário com o tema “Luzes para se refletir: Solidariedade, Diretos Humanos e Cidadania”. Logo depois, há uma vigília de soropositivos pelas ruas do bairro da Boa Vista.
PROGRAMAS E PROJETOS - O GTP+ trabalha com duas linhas: o programa de prevenção ao HIV e o programa de cidadania. Dentre os projetos, está a “Cozinha Solidária”, que atua na segurança alimentar das pessoas vivendo com HIV que participam dos demais projetos realizados pela instituição. A maioria dos cozinheiros e auxiliares vive com o vírus e já tinha experiência com cozinha antes de serem acolhidos, mas foram expulsos de seus empregos.
A cozinha funciona das 10h às 14h e é aberta à população. "A Cozinha Solidária é um lugar onde as pessoas marginalizadas podem se sentir seguras ao vir", diz Wladimir. O Restaurante funciona no esquema self-service sem balança, com preço a R$ 7,99.
Além desse projeto, há outros como o “Horas Femininas”, onde mulheres portadoras de HIV trocam experiências com outras na mesma situação. “A troca de experiências entre as mulheres e a abordagem certa de mulheres com o problema falando para outras na mesa situação garantem o sucesso do projeto”, considera Wladimir. Também há o grupo de teatro de rua “Turma da Prevenção”, que através de esquetes teatrais, apresenta em comunidades de vulnerabilidade social e econômica temas como a cidadania, direitos humanos e a prevenção contra DSTs. (Veja todos os projetos da GTP+ aqui)
1 comentários:
link válido do vídeo: http://www.youtube.com/watch?v=SyrctRBxff4
não consegui anexar o vídeo à matéria
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