terça-feira, 9 de abril de 2013

Mercado imobiliário não consegue suprir demanda por moradia no Recife

por Paulo Veras



Faculdade de Direito do Recife / Foto: Ascom-UFPE

Frederico Carvalho, secretário executivo da Associação das Empresas do Mercado Imobiliário de Pernambuco (ADEMI-PE), crê que o Recife está longe de ser um oásis de especulação imobiliária. Ele argumenta que o preço dos imóveis tem subido em todo o Brasil. “Não é um fato pontual de Pernambuco. É um fato que vem ocorrendo em todo o país”, diz. A origem do movimento em cadeia é a mais básica das leis de mercado: o excesso de demanda. “Durante muito tempo não houve financiamento imobiliário por parte das instituições financeiras”, explica.

Hoje a coisa mudou. Bancos brasileiros têm apostado em financiamentos imobiliários a prazos mais longos, o que permitiu que um contingente cada vez maior de pessoas tenha acesso à casa própria. O mecanismo, que é estimulado pelo Governo Federal, tem como principal frente o programa Minha Casa, Minha Vida. Lançado em abril de 2009, a iniciativa prevê que até o final de 2014 dois milhões de imóveis sejam contratados no país com subsídio federal.

Mas a indústria da construção civil não conseguiu acompanhar o ritmo e, no Recife, o entrevero parece ainda maior. A começar pelo tamanho da cidade. “Recife é uma das menores capitais brasileiras em área física”, admite Frederico. É a quinta menor; atrás mesmo de cidades como Maceió e São Luís. A capital pernambucana tem apenas 218,5 quilômetros quadrados de área onde 66 rios e canais, manguezais, 6,6 mil hectares de zonas de proteção ambiental, imóveis tombados e um aeroporto construído dentro do perímetro urbano interferem na indústria da construção civil.

No caso da Boa Vista, os interessados em adquirirem um imóvel no bairro dificilmente podem contar com a construção de novas unidades habitacionais. “O bairro já está esgotado. As áreas que restam concentram prédios históricos como a Faculdade de Direito do Recife ou o Parque 13 de Maio. Mas não faz sentido derrubar a Faculdade de Direito pra construir um edifício”, explica Carvalho.

Segundo Frederico, “há uma tendência de que os preços se estabilizem no futuro”. Enquanto a demanda continuar aquecida, porém, o preço dos imóveis tende a continuar elevado. A solução do setor pra quem quer encontrar uma moradia que pese menos no orçamento é se afastar do centro. “Nós estamos notando o surgimento de novas centralidades urbanas em bairros como a Várzea e o Cordeiro”, explica.

Mas sem deixar de assinalar a possibilidade que lhe vem à mente. “A Boa Vista é um bairro que pode, inclusive, voltar a ser atraente para o mercado imobiliário. Nós tivemos boas experiências com um prédio lá, recentemente. Mas não há uma retomada com a mesma força de um bairro como o Rosarinho ou a Encruzilhada”, conclui.

Leia mais sobre especulação imobiliária nos textos "Viver na Boa Vista é caro" e "Especulação imobiliária começou na Imperatriz".

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