domingo, 31 de março de 2013

O Apaixonado


Paulo Castelo Branco mora há 20 anos na Boa Vista. Há 20 anos ele nasceu e cresceu conhecendo o bairro e suas histórias. Lugares que apenas moradores e gente que entende da dinâmica do bairro podem e sabem explicar. Para poucos, a Boa Vista parece ser o que chamaríamos de ambiente “atraente”, mas, como uma surpresa agradável, inesperada, Paulo conta apaixonadamente como vive as ruas, os mercados, os pontos de encontro e a boemia da região. De dia, há locais em que músicos e artistas de uma maneira geral se encontram para conversar, beber uma cerveja gelada, discutir o roteiro de um filme ou apenas confraternizar numa roda de samba. À noite, também. Mas a memória é interessante e Paulo lembra que, na infância, “costumava ir à Padaria Santa Cruz, às vezes com minha mãe ou com minha tia, acho que só uma vez com os meus avós, para comer coxinha e tomar uma coca-cola”, diz sorrindo. Quando questionado sobre mudanças dessa época, o jovem que viveu 20 anos de sua vida lá afirma que houve alterações físicas, embora a alma do bairro tenha resistido e permanecido a mesma nesses ambientes mais tradicionais, a exemplo da Padaria Santa Cruz ou do próprio Mercado, lugares frequentados por pessoas que preservam o mesmo estilo de vida. 


Paulo enxerga que o bairro não é convidativo para pessoas de fora, apesar da sua localização central, há desconhecimento e preconceito por parte das pessoas que não costumam vir de outros bairros para utilizar os ambientes públicos da Boa Vista. “Gostam de estigmatizar o bairro, usar o pretexto de ser um lugar frequentado por GLSBT e, com isso, querem colocar a Boa Vista para trás, como se fosse um problema, um aspecto negativo as pessoas que frequentam a região. O bairro é visto como “marginalizado”, cheio de bandidos, perigoso e, até mesmo, pobre, sujo”, desabafa Paulo. Ao contrário de outros bairros, na Boa Vista é possível sentir a vida, andar pelas ruas e fazer parte delas, caminhar junto a pessoas diferentes, saber que aquele lugar pertence a você, valor atribuído por Paulo e que é quase inexistente na cidade nos dias de hoje. Encontros entre gerações, pessoas de idade com histórias de outras épocas para contar. Jovens vivendo a história que um dia irão contar. Para Paulo, a vizinhança faz parte da vida integral dele, amores, amigos, pessoas que têm valor que não são amizades “líquidas”, como diria Bauman, o acompanham na vida diurna e nortuna.



Marcela Pereira
Entrevista e Edição de Imagens
Marina Didier
Redação e Filmagem

4 comentários:

1. "Paulo Castelo Branco mora há 20 anos na Boa Vista. Há vinte anos ele nasceu e cresceu conhecendo o bairro e suas histórias." - Por que 20 está escrito em numeral primeiro e depois por extenso? Padronizar. No mais, a repetição do tempo é proposital? Se não for, sugiro colocar "Paulo Castelo Branco mora desde que nasceu, há 20 anos, na Boa Vista e cresceu conhecendo o bairro e suas histórias" ou algo do tipo.

2. "Para poucos, a Boa Vista..." / "mas, como uma surpresa agradável, inesperada..." / "De dia, há locais em que..." / "À noite, também." - Vírgula. (revisar texto, há outros casos)

3. As fotos ainda vão ser colocadas?

Valeu, Bilinha. A repetição é intencional, sim ^^
Vou revisar ;)
Serão colocadas fotos e filmagem.

Gente, uniformizar também as fontes e tamanhos. Cada editoria está escrevendo de uma forma diversa.

O vídeo está muito bom, dinamizou a matéria, saiu do lugar-comum. Sobre esses perfis, é importante fazer um pequeno texto explicativo de abertura.

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