por Patrícia Bonfim
Calçadas esburacadas, desniveladas e com poucas possibilidades para portadores de mobilidade reduzida são algumas das dificuldades que enfrentam cerca de 1,5 mi de pessoas que circulam diariamente pelo bairro da Boa Vista, segundo dados da Câmara de Dirigentes Lojistas do Recife.
Historicamente conhecido pelo seu comércio, o bairro possui estrutura mínima de mobilidade para os que trafegam a pé pela região. Segundo dados de 2010 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), 30% das viagens diárias realizadas em todo o País são feitas a pé. No bairro da Boa Vista, não é diferente. A maioria dos usuários de ônibus desembarca na Avenida Conde da Boa Vista, o principal corredor viário do bairro. De lá, segue o percurso a pé, ziguezagueando por entre as calçadas esburacadas, desviando de raízes de árvores e disputando espaço com ambulantes e carros estacionados em locais irregulares.
Considerado uma das ferramentas de medição das condições das calçadas do Brasil, o portal Mobilize de mobilidade urbana sustentável classifica a qualidade das calçadas recifenses como a quarta pior do país. O site coleta informações através da própria população, que avalia a condição das calçadas de sua cidade enviando opiniões, observações e fotografias.
Na Rua do Hospício, a aposentada Luíla Bezerra da Silva, 80 anos, tem que se esquivar de verdadeiras crateras abertas nas calçadas para conseguir trafegar. Há pouco tempo, passou a precisar da ajuda de uma bengala para se movimentar, o que piorou ainda mais a sua locomoção pelo Centro. "É péssimo, tem muitos buracos por onde passo. Cada calçada deveria ser do proprietário do imóvel para que fossem mais conservadas", opina a aposentada.
Porém, o que Dona Luíla não sabe é que, por lei municipal, donos de casas e prédios já são os responsáveis por manter os passeios públicos conservados e cuidar das áreas destinadas aos pedestres e, assim, garantir a mobilidade urbana a todos os cidadãos.
Entretanto, o atual secretário de Mobilidade e Controle Urbano do Recife, João Braga, não está convencido de que a norma seja respeitada e avalia aumentar o Imposto Predial e Territorial Urbano (IPTU) dos imóveis cujas calçadas venham a ser de responsabilidade da prefeitura para recuperação.
Enquanto a lei não muda, pedestres da Boa Vista, como Luíla Bezerra, precisam ter atenção redobrada pelas calçadas por onde passam.
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