por
Ursula Neumann
Dona Zilma junto às imagens já reformadas/ Foto: Ursula Neumann |
Do lado de fora, podemos ver, no parapeito da
janela do segundo andar, alguns vasos. Não, mas não são flores que dona Zilma cultiva,
os vasos são parte de seus instrumentos de trabalho. Nascida em Caruaru, Zilma
Ferreira Medeiros Zarzar – “Zarzar é árabe” – pinta e restaura imagens de
santos há 40 anos. Ela diz que nunca estudou artes e a técnica, que desenvolveu
sozinha, foi um dom que Deus lhe deu.
Dona Zilma trabalhando em uma peça./ Foto: Ursula Neumann |
Dona Zilma mudou-se, na década de 1980, pro Recife para trabalhar na extinta Telecomunicações de Pernambuco, a Telpe. Morou em vários bairros antes de se fixar na Boa Vista. “Eu adoro a Boa Vista!”, diz dona Zilma, “aqui tem tudo, né? Se eu quiser ir na farmácia, tem; se eu quiser ir em uma padaria, tem. As pessoas vêm trabalhar aqui e acham que podem morar em Olinda; é uma extravagância”.
Santos esperam por Dona Zilma para serem reformados./ Foto: Ursula Neumann |
Quando perguntada sobre o que mais a incomodava no bairro, a resposta é previsível: o barulho, mas acrescenta com indiferença: “é normal...”. Outra queixa é em relação à grande quantidade de moradores de rua e usuários de drogas que habitam a Praça Maciel Pinheiro. “Muitas vezes, o barulho vem deles, que ficam gritando tarde da noite e quase ninguém dorme. Às vezes, eles vêm e fazem xixi aqui na escada do prédio, não têm educação”. Diz ainda que não vê nenhum policial, embora exista um posto da polícia há menos de 20 metros dali.
Vista da Praça Maciel Pinheiro do ateliê de Dona Zilma. Foto: Ursula Neumann |
Dona Zilma precisou adaptar o atelier por causa da idade avançada, que não lhe permite descer e subir as estreitas escadas com frequência, e dorme vigiada pelos inúmeros santos que aguardam pela restauração no lugar. Seu apartamento real fica a 100 metros dali, na rua do Aragão, número 67. A artista diz que, durante todo esse tempo, a procura por moradia no prédio sempre foi grande: “é sair e entrar! É tão procurado!“, explica. “Os apartamentos são antigos, mas têm quatro quartos. São bons, são confortáveis, mas são muito antigos, né? Não é na cerâmica...”. A maioria das pessoas que se muda para lá é de fora, “tinha muita gente daquela praia [Gaibu], eles saíram e agora querem voltar, mas agora já tem gente do Rio Grande do Sul", diz. "Antes tinha um índio, esse índio trabalhava em navio, ele sempre trazia peixe, cada peixe... coisa boa, aí ele saiu, eu senti uma falta dele...”.
3 comentários:
1. "Morou em vários bairros - como Água Fria - antes de se fixar na Boa Vista." - colocar o nome de outro exemplo, pelo menos, ou não colocar nenhum. Dizer que ela morou em vários e só citar um parece contraditório.
2. O que mais a incomoda é o barulho, mas a maior queixa é quanto ao pessoal que usa drogas? Melhor dizer que "outra queixa é quanto..."
3. ...a Praça Maciel Pinheiro. “Muitas vezes, o barulho vem deles, que ficam..."
4. "Às vezes, ..." - vírgula.
5. "Não é na cerâmica<...>" - ??? tirar o <...>
6. Colocar crédito das fotos.
7. Massa os gráficos, mas poderiam ser melhor contextualizados e introduzidos, pois não estão diretamente ligados ao que é dito no texto e parecem um tanto "jogados".
Legenda e autoria das fotos. Acho que elas podem ficar num slide show ou num tamanho maior, para serem mais valorizadas.
"Dona Zilma mudou-se, na década de 1980, pro Recife para trabalhar na extinta Telecomunicações de Pernambuco, a Telpe." (para o Recife)
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