sexta-feira, 8 de março de 2013

Redescobrindo a Boa Vista (reportagem especial)


     
I-                    Da Lama ao Caos                               Por Marcela de Aquino
                                                                                     
"Rua da Aurora é talvez 
                                                                            a mais recifense das ruas,
                                                                O Capibaribe que a corteja
                                                                guardando na sua tez
                                                                as mais belas formas suas"
                                                                                 Carlos Moreira 
Os antigos sobrados e palacetes à margem do rio Capibaribe efluíram a partir das raízes dos manguezais e ainda resistem às nuances do tempo, assim como permanece intocável sua aura nas linhas poéticas de nossos escritores.  Mas no inconsciente coletivo se esvaem as tradições de uma Boa Vista antiga, com as maxambombas (primeiros trens urbanos) que por ali passaram e a efervescência política e cultural de suas ruas e praças.  
As suas origens remetem ao ano de 1643, quando há a construção da casa de recreio de Maurício de Nassau, chamada inicialmente de Bela Vista, onde também funcionava como forte militar dado o seu caráter estratégico. Para ligar esse continente à ilha de Antônio Vaz (atual bairro de São José) edificou-se uma nova ponte com estacas de guabiraba, madeira resistente às águas das marés. Devido à Insurreição Pernambucana em 1656, a casa foi destruída a pedido da própria Companhia das Índias Ocidentais e, com a expulsão dos holandeses, as terras  foram doadas a Henrique Dias, herói da guerra e Governador dos Crioulos, Negros e Mulatos do Brasil. Paulatinamente, foram sendo construídas casas espaçadas cercadas de coqueiros e mangues, outras em forma de arruados (progressiva abertura das ruas) como na Rua da Glória, sobrados e sítios na Rua da Conceição dando surgimento, assim, a 'Povoação da Boa Vista'. Também compartilhavam o mesmo espaço as igrejas e senzalas de escravos, algumas indústrias de cortumes de sola e fábricas onde se curte couro com angico e outros tipos de plantas.
A formação da Boa Vista em 1910










Com a chegada do século XIX, há a constituição da Boa Vista como se apresenta atualmente devido aos sucessivos aterros de mangues e alagadiços, os quais expandiram o bairro para além dos seus limites geográficos impostos pela natureza, em que a margem do rio ia até a atual Rua do Hospício. Segundo o historiador Tadeu Rocha, no livro Arruando pelo Recife, "somente nesse período o homem começou a conquistar esses terrenos do rio dando nascimento às ruas da Aurora e suas perpendiculares- Conde da Boa Vista (antiga Rua Formosa) Riachuelo e Princesa Isabel e às suas paralelas- União, Saudade e Sete de Setembro." A Rua da Imperatriz também teve a mesma origem tanto que se chamava Rua do Aterro, onde predominavam sobrados de três e quatro pavimentos, alguns revestidos até de azulejos desse século. Esses aterros só foram iniciados depois da construção da Ponte da Boa Vista, que foi fundida em ferro na Inglaterra e instalada aqui em 1876. 
Atualmente, o bairro convive com os ares da modernidade impenetrados nas suas velhas estruturas erguidas sobre o barro e, tomando para si, a herança dos mascates no que tange à importância do comércio em sua vida citadina. A Boa Vista, além de ser um dos bairros mais tradicionais e de formação longínqua, faz parte do centro, onde conflui a riqueza econômica, a diversidade étnica, os problemas no trânsito e o fervilhar de gente muitas vezes 'de passagem', comuns à característica do núcleo de uma grande cidade.

4 comentários:

1_ efluíram
2 - Devido à Insurreição
3 - " sobrados e sítios na Rua da Conceição, dando surgimento, assim, à 'Povoação da Boa Vista'.
4 - Arruando pelo Recife (data de publicação)
5 - citação direta com aspas (ipsis litteris)
6 - onde (predominavam) sobrados de três e quatro pavimentos, alguns revestidos até de azulejos desse século.

aposto entre vírgulas: Esses aterros só foram iniciados depois da construção da Ponte da Boa Vista (,) que foi fundida em ferro na Inglaterra e instalada aqui em 1876.

Atualmente, o bairro convive com os ares da modernidade impenetrado (s)

A Boa Vista, além de ser um dos bairros mais tradicionais e de formação longínqua (,) faz parte do centro (,) onde conflui a riqueza econômica, a diversidade étnica, os problemas no trânsito e o fervilhar de gente muitas vezes 'de passagem', comuns a (à) característica do núcleo de uma grande cidade.

1. "Mas, no inconsciente, coletivo se esvaem as..."

2. "suas origens remetem" - sem o SE

3. "onde também funcionava como forte militar" - QUE também funcionava como forte militar ou ONDE também funcionava um forte militar.

4. "Para ligar esse continente à ilha de Antônio Vaz (atual bairro de São José), edificou-se" - vírgula.

5. "Paulatinamente, foram sendo construídas" - vírgula.

6. "em forma de arruados (progressiva abertura das ruas), como na Rua da Glória" - vírgula.

7. O texto parece vindo de um livro de história, está um tanto acadêmico. Colocar a voz de um historiador ou professor de história explicando algo pode dar uma quebrada na monotonia.

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