domingo, 17 de fevereiro de 2013

Espaço Pasárgada: história, lembranças e perspectivas




 “Eu tenho dito aos poetas: Se apropriem dessa casa. Essa casa é de vocês”. Esse foi o conselho que a chefe da unidade cultural, Selma Coelho, deu aos nossos artistas. 

por Kácia Guedes

Tombada em 1983 e restaurada até a sua inauguração em 19 de abril de 1986, A Casa de Manuel Bandeira, hoje Espaço Pasárgada, é destinada à apreciação da literatura e de diversas manifestações artísticas, oferecendo à população várias oficinas e atrações. No momento, está sob a responsabilidade da Fundação do Patrimônio Histórico e Artístico de Pernambuco (Fundarpe).

O sobrado que pertenceu aos avós de Manuel Bandeira, construído em 1825 e localizado na Rua da União, foi um dos cenários mais importantes da infância do poeta que viveu dos seis aos dez anos no local. A maioria dos objetos do autor está na Casa Ruy Barbosa, no Rio de Janeiro, onde viveu várias décadas de sua vida. No Espaço Pasárgada, encontram-se basicamente livros, documentos e fotografias referentes ao escritor. Nos dias de hoje, o térreo da casa está dividido em repartições públicas, uma delas é a Secretaria de Ariano Suassuna, e o local ainda acolhe a Coordenadoria de Literatura da Fundarpe desde 2009. Por enquanto, o Espaço Pasárgada funciona somente no primeiro andar da casa.

Além do público em geral, o local é muito frequentado por professores de letras, estudantes, principalmente alunos da rede pública. Poetas, turistas, pesquisadores nacionais e internacionais de todos os lugares vêm para conhecer A Casa de Manuel Bandeira.


                                                                                    


Após quatro anos coordenando o espaço, Selma comenta sobre as dificuldades de gerir a unidade cultural e os principais planos para o seu desenvolvimento/Foto: Divulgação

Segundo a chefe da unidade, Selma Coelho, o processo para o tombamento do espaço não foi tão simples. Foi preciso um movimento dos poetas pernambucanos para que o Estado comprasse e restaurasse o local. “Quando a casa ficou abandonada, sem cuidados, um grupo de poetas fez um tipo de 'vigília'. Vinham para cá, se propuseram a fazer recitais... A partir disso, o Estado resolveu comprar, tombar, restaurar e transformar ela em Espaço Pasárgada”. Ela ainda comenta que depois da restauração a casa foi entregue à comunidade como um templo de estudos e de pesquisa em literatura.

Em relação às atrações e oficinas oferecidas na unidade cultural, Selma explica que as atividades são variadas. Há projetos fixos como o “Café em Pasárgada” que convida um escritor para expor seu processo de criação ao público presente e o Cine Pasárgada, um cineclube que dialoga cinema e literatura – esse projeto, especificamente, surgiu de um trabalho maior chamado Iluminuras de Bandeira que visa o diálogo da literatura com outras linguagens. Em abril, o espaço festeja o aniversário do escritor com uma semana repleta de atrações e em outubro, mês do falecimento de Manuel Bandeira, há a “Semana do Encantamento”, evento promovido pela unidade para estimular a produção e a apreciação da literatura. Aqui, alunos apresentam poesias inspiradas nas obras do poeta.

Selma explica que os projetos não surgem de forma metódica ou regular no espaço cultural e que tudo depende da inspiração, da “sacada” de uma boa ideia. “Os projetos vão surgindo, não temos uma reunião para decidir qual o projeto que será realizado naquele momento. As coisas vão sendo construídas, repassadas para a equipe e a equipe vai somando. Depois levamos aos superiores” comenta a chefe do local.


                                                                                           
O que é estático é a fotografia, a vida não”, por Selma Coelho/ Foto: Kácia Guedes

O Espaço Pasárgada possui planos para melhorar e especializar sua biblioteca nas obras de Manuel Bandeira. A intenção é reunir os trabalhos do autor e tudo o que foi escrito ou editado a partir deles, assim como todo o material que foi musicado, disponibilizando aparelhos para ouvi-lo. Uma ideia parecida com o que foi realizado no Museu da Língua Portuguesa, como comentou Selma.

Para relatar mais algumas propostas que o Espaço Pasárgada possui, Selma declarou: “Gostaríamos de levar a poesia para os municípios, para as costureiras, as bordadeiras, as associações... Queríamos recebê-las aqui, ter alojamento, dá um apoio para receber essas mulheres. Abrir esse universo poético no dia dia dessas mulheres, levar a poesia onde ela não está sendo alcançada. Imagina ela [a costureira] construir a partir de poemas. Como vai ter muito mais sentido quando você faz arte a partir de um tema.”

Em relação ao apoio dado pelo governo à unidade cultural, percebemos que o setor não recebe muitos investimentos. Constatamos pouquíssimas pessoas trabalhando no espaço. No instante em que visitamos a unidade, somente quatro estavam presentes no local, contando com um estagiário. “Tocamos aqui sabe Deus como”, comentou Selma.

Ao fim da entrevista, a chefe da unidade comenta um pouco mais sobre a importância do Espaço Pasárgada para a sociedade: “Vejo uma importância não só para o bairro, não só para a cidade, não só para o estado de Pernambuco e não só para o Brasil. Nós sabemos que a nossa cultura é mais valorizada lá fora do que dentro. Então é preciso um entendimento maior da importância que é este poeta para todos os pernambucanos. Precisamos incorporar isso como um orgulho.”

4 comentários:

- Primeiro colocar o nome por extenso, depois a sigla

- Usar sinônimo para "atualmente"

- pesquisadores que "vê^m

- crédito do fotógrafo

- escutar a Fundarpe sobre os recursos destinados ao local

Olá Adriana...

Fiz algumas alterações na matéria, levando em conta suas observações e reescrevi alguns trechos. Entretanto, ainda não entrei em contato com a Fundarpe para acrescentar informações sobre os recursos que são destinados ao Espaço Pasárgada. Modificarei esse trecho no decorrer desta semana

Abraços,

Kácia Guedes

"Tombada em 1983 e restaurada até a sua inauguração em 19 de abril de 1986" - O espaço foi tombado em 1983 e ficou sendo restaurado, desde então, até 1986? Ele foi tombado antes de ser inaugurado? Sugestão: "A Casa de Manuel Bandeira, tombada em 1983 e reinaugurada em 1986 com o nome de Espaço Pasárgada após restauração é destinada à apreciação..." ou algo do tipo.

"Entretanto, a maioria dos objetos do autor está na Casa Ruy Barbosa, no Rio de Janeiro..." Não há relação de oposição com o que foi dito anteriormente. Sugestão: tirar o "entretanto".

"uma delas É a Secretaria de Ariano Suassuna"

"Precisamos destacar a forma como surgem os projetos na unidade cultural. Não é algo metódico ou regular. Selma nos explica que tudo depende da inspiração, da “sacada” de uma boa ideia." Evitar se colocar no texto! Terceira pessoa é sempre preferível. Sugestão: "Selma explica que os projetos não surgem de forma metódica ou regular e que tudo depende da inspiração..."

Camila,

Pela nossa apuração, compreendi que o Espaço Pasárgada só foi inaugurado após sua restauração que, por sua vez, só foi iniciada por causa tombamento da casa. Antes, o local era um ponto de encontro dos poetas e artistas, mas não existiu nenhuma inauguração anterior para determinar isso. Ainda será necessária a mudança do trecho?

As outras observações já foram corrigidas. Obrigada

Kácia Guedes

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