Por Júlio Rebêlo e Wanderley Andrade
A promessa de uma terra fértil e a tranquilidade necessária para a prática religiosa, fez do Brasil o lar para muitos judeus nos séculos XVI e XVII. Recife, até então sob domínio holandês, governado por Maurício de Nassau, entre os anos 1637-44, foi o local apropriado para os praticantes do judaísmo. O bairro da Boa Vista, em especial, sofreu forte influencia da cultura judaica.
No século XX, sua presença incetivou o comércio no centro da cidade e desta relação surgiram algumas inovações e peculiaridades, como o uso de talões de nota para vendas e o fato de possuírem suas lojas no mesmo lugar em que moravam – moradia em cima e comércio em baixo.
No bairro, a comunidade judaica também encontrou alegria. Entre as marchinhas de Carnaval e os blocos líricos que tomavam as ruas, muitos acertavam o passo e caiam na folia. “Eles (judeus) sempre valorizaram a celebração e a confraternização. O Carnaval era uma ótima oportunidade de se misturar com o Recife, de ser mais um entre tantos”, explica o pesquisador da história judaica José Gustavo Wanderley Ayres, da Sinagoga Kahal Zur Israel.
Com o passar do tempo, os judeus fortaleceram sua presença através da criação de colégios, que ensinavam para os mais novos, além da cultura judaica, a língua ídiche, formada por caracteres em hebraico. Logo depois começaram a ensinar português, e a expandir a prática do ensino fundamental para o ensino médio, como esclareceu Beatriz Shvartz, assessora de cultura judaica do Arquivo Histórico Judaico de Pernambuco.
A criação do Estado de Israel em 1948 mudou a realidade dos judeus de todo o mundo, inclusive do Recife. A partir daí começaram, aos poucos, a retornar para seu lugar de origem. Segundo José Gustavo, até hoje a vinda de judeus para a região é difícil, devido ao Aliyah, que representa essa forte onda de imigração para Israel.